Não é que não me apeteça escrever. Mas não me tem apetecido transpor o que sinto.
Palavras não me faltam. As palavras, são apenas o estender da nossa existência, ou como diria o Prof. Jorge Rodrigues, o estender da nossa alma.
Todo eu sou Palavras, textos, poemas, ideias. Mas nem sempre me apetece criar o 'blueprint' delas.
Se tenho andado sem escrever aqui, é exactamente por isso.
Voltarei mais tarde, para escrever e como sempre, alargar horizontes.
Este post tem o intuito de nos lembrar coisas, que geralmente só nos apercebemos quando somos atingidos, negativamente.
Existem palavras, que ditas de uma certa forma e com um certo intuito, parecem sublimes, parecem brilhantes e até acertadas. Mas se as analizarmos a frio, verificamos que são vazias, sem sentido, injustas e falsas.
Palavras vãs que ecoam no vazio e no escuro, que vêm do mais amargo e sujo possível, com o intuito de nos dizer algo. Palavras frias (embora muitas são cobertas de sublimes elogios), ríspidas, que só nos afligem, quando nos prejudicam.
É como uma bomba de rebentamento tardio. Um engenho explosivo, que estoira, mas de forma retardada, preparado só para os momentos mais complicados.
Por vezes, a inveja toma conta dessas palavras. E aí, até o elogio é falso, amargo e custoso de receber.
Outras vezes é o ciúme que toma conta dessas palavras. E aí, até o amor é falso, amargoso e perigoso.
Outras vezes é o egocentrismo. Pensam que são o centro do Universo, que tudo gira à sua volta. As palavras que dirigem, são viradas para eles mesmos, em código, de forma que quem as fala, sente-as como elogio e engrandecimento e quem as ouve, sente-as como crítica, mágoa e ofensa.
Ainda há a falsidade. Nada do que falam é verdade. Nada do que falam tem valor. São palavras que soam como o metal a bater em si próprio.
Também há os interesseiros. Tudo o que falam, tem segundo sentido e segundo objectivo.
E tudo isto com palavras. Já se dizia que a 'pena (caneta) é mais poderosa do que a espada'. De facto, mais depressa se destroi alguém escrevendo e falando, do que própriamente espetando uma espada na barriga, dando um tiro no peito, ou degolando a cabeça.
Mas por outro lado, as palavras podem fazer alguém sair da pobreza, da doença, da adversidade, da circunstância, do problema. Podem fazer alguém sair da depressão. Podem fazer subir a auto-estima e a confiança. Podem fazer com que alguém, verdadeiramente, se motive e acredite em si mesmo.
Pergunto: o que é mais difícil: Motivar e ajudar, ou destruir e eliminar?
Porque será que optamos sempre pelo mal, quando podemos e devemos de optar pelo bem?
Porque não contrariar a nossa própria conduta? Porque não contrariar a nossa própria natureza?
Porque não?
Sejam escritas ou faladas, as Palavras, são agridoces, ambíguas, amigas ou inimigas, desejadas ou indesejadas, saudosas ou atormentadoras, prevalecedoras ou fugazes.
Palavras são formas de carinho ou de ódio, de transmitir ou de reprimir, de informar ou de enganar, de enriquecer ou de entristecer, de enaltecer ou de esquecer.
Fazem-nos nos Jornais, na TV, no Rádio, nas revistas. Depois existe outra categoria que o faz nas carteiras de escola, nas paredes, em cartazes, ‘graffitis’, através de urina nos cantos e ainda arrastando os móveis às 3h da matina…
Por fim, temos os ‘boatos’, a murmuração, o ‘diz-que-disse’, o ‘morder por trás’…
Muitos dos que escrevem a sua opinião, que respeitamos, são pessoas que se barricam nas palavras que escrevem ou falam. É o ‘poder’ deles. O Super – Homem voava, o Homem Aranha andava pelas paredes, o Darth Vader tinha ataques acérrimos de asma e essas pessoas escrevem e falam.
Muitos de nós, só conhecemos o poder das Palavras através de um afluente chamado ‘boato’, que é igualmente poderoso, mas que geralmente tem pouca força para andar e é de pouca duração. Contudo o ‘boato’, esse grande símbolo da covardia, pode provocar grandes estragos e efeitos permanentes.
A solução, por mais estranha que seja, é nunca contradizer ou desmentir de forma veemente, ou deixar-nos-emos invalidar por ele. Deixe correr o boato, que a seu tempo será desfeito pela realidade, pela verdade. A vida, é uma maratona e não um sprint de 100 metros…
Outra forma de vermos o poder das Palavras é a força, a tenacidade e a irreverência com que alguns falam da vida dos outros e depois quando confrontados com a realidade, transformam-se em tigres de papel, em palavrinhas sem significado (é o que eles esperam), vocábulos espalhados ao vento.
Falo-vos disto pelo simples facto de estar aqui a escrever este post neste blog. Sinto-me poderoso! Mas assim que fizer ‘logout’, voltarei ao normal e a ser aquilo que ainda só alguns conhecem. Falo-vos disto, porque pretendo que este blog possa ser um ponto de referência e uma forma de alívio mental, para quem lê. Falo-vos disto, porque são situações que todos passamos, uns agora, outros já passaram outros lá mais no futuro, em que nos sentimos como uma bola medicinal (pesada a todos), nos pés de quem não sabe jogar à bola.
Palavras são alívios verbais de quem, por inerência das circunstâncias se vê constantemente abocanhado pelos ‘cães’ da vida que só têm o propósito de nos ferir e de nos atemorizar.
Palavras também podem ser sentimentos e sensações que brotam em nós como bolhinhas de gasosa.
Palavras, podem ser também, facas afiadas apontadas ao coração de alguém, carregadinhas de ódio e sentimentalismo.
Palavras são certamente, remédio, bálsamo e medula para quem já está ferido ou necessitado.
“O Falar é de prata, mas o silêncio é de ouro!”
Silenciosos mas bons...
Aquela cadela virada para o mar